domingo, 16 de outubro de 2011

Até quando?

Até quando alimentaremos uma máquina que estraçalha milhões de pessoas no mundo e mata mais do que muitas guerras? Falo do trânsito criado por um sistema que elege um carro reluzente como deus e o valoriza mais do que uma vida humana.

Intervenções físicas, rodízios e outras tentativas de minimizar o impacto do carro a motor nos grandes centros urbanos têm se mostrado pouco eficientes, quando não inócuas. O trânsito nas grandes metrópoles do mundo esbarra no caos, flerta com a demência. E não falo aqui do caos criativo, que leva à renovação estética e comportamental, e sim do caos que mutila e sangra gerações. E se não agirmos com urgência e seriedade, atingirá com suas patas redondas de borracha as gerações de nossos filhos e netos.

Um convite ao raciocínio: quando um estádio ou uma casa de shows ou um teatro atinge a capacidade máxima de público qual a iniciativa básica, primeira e óbvia a se tomar para garantir o mínimo de segurança do público presente? Vender mais ingressos e torcer para que tudo dê certo ou encerrar a comercialização e garantir uma noite com o mínimo de respeito à vida, ao conforto e à segurança?

Por que, então, com os veículos automotores não é feito o mesmo? Qual o motivo da não existência de uma política séria de controle e restrição à venda de veículos nos lugares onde o trânsito atingiu sua capacidade máxima?

Não é somente uma medida inteligente. Na verdade é uma ação instintiva, ancorada no mais básico dos instintos: o da sobrevivência. Se quisermos sobreviver nos grandes centros com o mínimo de cidadania e dignidade, devemos lançar mão de medidas radicais. Bem mais radical é assistir, impotente e desolado, um familiar voltar ferido para casa ou observar a consumação de uma morte evitável.

Um último argumento por uma política restritiva do comércio de veículos automotores: não existem restrições à venda de armas de fogo, que em muitas partes do mundo matam menos do que o trânsito? Pois é!


Por Dário Álvares - motimdasletras.blogspot.com


Um comentário:

  1. A impressão que eu tenho no trânsito é que a des/regra estimula a busca do caos. Tá todo mundo doido pra aprontar e seguir mundo a fora como se o mundo fosse uma exclusividade de cada um. Mas, as regras e a possibilidade de sanção fazem com que as pessoas se segurem e não cometam loucuras. Basta uma indicação de cuchilo para que a situação vire do avesso: um semáfaro quebrado, um desvio de curso, um buraco na pista. Pronto! Todo mundo pensa que pode fazer qualquer coisa. O ser humano é assim, regulado e vigiado, sempre em busca do delito e do ilícito.

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